Suspeito de integrar grupo da Operação El Patrón é assassinado após sair de presídio na Bahia
Kleber Herculano, conhecido como “Compadre Charutinho”, foi morto após deixar presídio em Salvador. Investigado na Operação El Patrón, ele era acusado de integrar grupo de lavagem de dinheiro e revenda de peças roubadas.
“Compadre Charutinho” foi morto com cerca de 15 tiros na cabeça ao chegar em Feira de Santana
Kleber Herculano de Jesus, conhecido como “Compadre Charutinho”, foi executado a tiros na noite desta segunda-feira (14), em Feira de Santana, após sair do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Ele era um dos investigados na Operação El Patrón, que apura crimes como lavagem de dinheiro, agiotagem, receptação qualificada e jogo de azar, supostamente liderados pelo deputado estadual Binho Galinha (Kleber Escolano).
Segundo o delegado Yves Correia, da Polícia Civil, a vítima seguia em direção a Feira com a esposa, a advogada e um amigo, quando foi cercado por homens armados em dois veículos. Os suspeitos se apresentaram como policiais e ordenaram que todos saíssem do carro. Kleber tentou fugir, mas foi alcançado e morto com aproximadamente 15 disparos, principalmente na cabeça. Os demais ocupantes do carro conseguiram escapar.
Vínculo com organização investigada por desmanche e lavagem de dinheiro
De acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), Kleber era acusado de ser um dos principais articuladores do grupo comandado por Binho Galinha. O grupo foi denunciado por movimentar grandes quantias através de atividades ilegais, especialmente a revenda de peças automotivas roubadas, utilizando empresas como a loja “Tend Tudo”, localizada em Feira de Santana.
As investigações apontaram que a loja recebeu R$ 40,7 milhões sem lastro fiscal, além de créditos oriundos de pessoas com histórico de crimes como receptação e formação de quadrilha. Em um dos casos analisados, a Tend Tudo teria emitido nota fiscal de R$ 3 milhões pela venda de mil cabines de caminhão, sem comprovação de estoque, compra de material ou entrada dos valores na empresa.
Grupo teve bens bloqueados e empresas interditadas pela Justiça
Durante a operação realizada em 2023, a Polícia Federal e o MP-BA conseguiram:
- Bloquear R$ 200 milhões em bens e valores;
- Bloquear 26 propriedades urbanas e rurais;
- Executar 10 mandados de prisão;
- Cumprir 35 mandados de busca e apreensão;
- Suspender atividades de seis empresas envolvidas.
Em junho de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) chegou a anular os efeitos da operação por entender que houve falhas no processo, mas o vínculo de Kleber com as práticas ilícitas seguiu sob apuração. O MP-BA também o descreveu como um criminoso com “vasto histórico de crimes contra o patrimônio” e ligação direta com o deputado Binho Galinha, que nega qualquer envolvimento.
O caso do assassinato está sob investigação da Polícia Civil. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.
