Deputado Júnior Mano é alvo de operação da PF por desvio de verbas públicas e fraude em licitações
Deputado Júnior Mano (PSB-CE) é alvo de operação da PF por suspeita de desvio de emendas parlamentares e fraudes em licitações. Mandados foram autorizados pelo STF.
Mandados foram cumpridos em Brasília e cidades do Ceará; STF autorizou bloqueio de R$ 54,6 milhões
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8) a Operação Underhand, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre um suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio de fraudes em licitações no Ceará. Um dos principais alvos da ação é o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE).
A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e envolveu o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão, incluindo o gabinete do deputado na Câmara dos Deputados, sua residência oficial em Brasília e um imóvel em Fortaleza. As buscas também aconteceram nos municípios cearenses de Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio.
PF aponta atuação de organização criminosa
De acordo com a PF, o grupo investigado articulava o direcionamento de verbas públicas a municípios cearenses, em troca de contrapartidas financeiras ilícitas, utilizando empresas ligadas à organização para fraudar os processos licitatórios. O bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas foi determinado pelo STF como parte da operação.
Segundo a corporação, as práticas envolvem os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, captação ilícita de sufrágio e falsidade ideológica com finalidade eleitoral.
Deputado é suspeito de envolvimento direto no esquema
A investigação foi levada ao STF após a Polícia Federal identificar indícios de participação direta de Júnior Mano em um esquema de desvio de emendas parlamentares, usadas para fortalecer sua base eleitoral por meio da compra de votos.
O nome do parlamentar ganhou destaque nas investigações após denúncia feita pela prefeita de Canindé, que acusou um aliado de Júnior Mano durante a campanha eleitoral de 2022. A gestora apontou que o deputado enviava emendas parlamentares ao prefeito de Choró, responsável por “lavar” os recursos.
Em depoimento, a prefeita detalhou o suposto esquema:
“A lavagem consiste em contatar o gestor, oferecendo como exemplo um milhão com retorno de 15% para ele”.
A Polícia Federal estima que ao menos 51 cidades receberam verbas públicas supostamente envolvidas no esquema.
Operações anteriores e continuidade das investigações
Antes da ação de hoje, a PF já havia realizado as operações Mercato Clausu e Vis Occulta, também relacionadas ao caso. Os elementos coletados nessas fases anteriores embasaram a nova ofensiva da corporação.
A defesa do deputado ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. O inquérito segue sob sigilo, e novas diligências são esperadas para os próximos dias.
