Falta de embarcações no ferry-boat prejudica usuários e economia local
A população que depende do sistema ferry-boat para se deslocar entre Salvador e a Ilha de Itaparica enfrenta dificuldades crescentes com a deterioração das embarcações e a redução da oferta de passagens. Cerca de 20 mil passageiros e 3 mil veículos utilizam o serviço diariamente, mas o número de ferries operacionais está longe de atender a essa demanda.
Longas filas e atrasos afetam o dia a dia dos passageiros
Na última segunda-feira, passageiros relataram esperas de mais de cinco horas para desembarcar, após problemas técnicos. “É um absurdo ter que esperar tantas horas para conseguir atravessar”, desabafou Maria Lúcia Santos, moradora de Itaparica, que utiliza o serviço diariamente. O impacto não se limita aos usuários cotidianos. João Carmo Silva, comerciante que depende do ferry para transportar mercadorias, destaca os prejuízos: “Cada hora que passamos na fila é uma hora a menos de trabalho e de ganho.”
Impactos econômicos em Itaparica
A instabilidade do sistema ferry-boat tem afastado turistas e afetado negativamente o comércio local. Restaurantes, bares, pousadas e barracas de praia ainda não se recuperaram totalmente dos efeitos da pandemia, e os constantes problemas no transporte marítimo apenas agravam a situação. O governo estima que, se a ponte Salvador-Itaparica já estivesse pronta, o fluxo de veículos seria entre 25 e 30 mil por dia, indicando uma demanda reprimida.
Problemas estruturais e necessidade de novas embarcações
Especialistas apontam que a principal causa dos problemas no sistema ferry-boat é a falta de embarcações. “É preciso investir em mais ferries e em melhorias na infraestrutura de atracação”, afirma o professor José Lázaro de Carvalho, da Ufba. Atualmente, apenas cinco das sete embarcações estão em operação, número insuficiente para atender a demanda. A situação é agravada pelo fato de que as embarcações são antigas e frequentemente apresentam falhas.
Soluções travadas por burocracia e disputas políticas
Embora o governo tenha iniciado o processo para aquisição de uma nova embarcação, a burocracia e disputas políticas têm atrasado o processo. A Internacional Travessias, operadora do sistema, também reforça que a falta de embarcações é um gargalo crítico. O governo estadual agora avalia a compra de duas novas embarcações para tentar restaurar a frota do sistema.