Banco Central deve elevar taxa Selic para 10,75% após dois anos de cortes
O Banco Central (BC) do Brasil deve anunciar nesta quarta-feira, 18 de setembro, um aumento de 0,25% na taxa básica de juros, elevando a Selic para 10,75%. Essa será a primeira alta em pouco mais de dois anos, após o BC interromper um ciclo de cortes iniciado em 2022.
Expectativa do mercado e análise econômica
O economista Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que a maioria do mercado financeiro já espera a elevação, com base nos problemas conjunturais que o país enfrenta, como a seca, o crédito em expansão e o desemprego muito baixo. “Por esses motivos, se acredita que haja uma alta de pelo menos 0,25% na taxa”, comentou.
De acordo com o jornal Valor, 123 instituições financeiras consultadas também preveem que a Selic subirá para 10,75%, contrariando os apelos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por reduções na taxa de juros.
Contexto econômico atual
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em julho, a taxa foi mantida em 10,5%, com o BC adotando uma postura cautelosa frente ao cenário internacional incerto e ao aumento projetado da inflação no Brasil. A inflação anual está atualmente em 4,24%, dentro da margem de tolerância oficial, mas acima da meta de 3%.
O mercado projeta uma inflação de 4,30% para 2024, enquanto a economia brasileira deve crescer 2,68%, de acordo com as previsões mais recentes. O desemprego também registrou queda, atingindo 6,8% no trimestre encerrado em julho, com um recorde histórico de 102 milhões de brasileiros ocupados.
Pressões políticas e desafios fiscais
Desde o início de seu mandato, o presidente Lula tem pressionado o BC por cortes na taxa de juros para estimular o crescimento econômico. O presidente chegou a criticar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, por, supostamente, “prejudicar o país” com a política de taxas elevadas.
Além disso, a recente desvalorização do real e a incerteza sobre a capacidade do governo de atingir a meta fiscal também influenciam a decisão do Banco Central.
Enquanto o BC brasileiro se prepara para elevar os juros, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deve cortar sua taxa básica pela primeira vez desde 2020, em um movimento contrário ao do Brasil.