Estudos para trem Salvador-Feira devem ser concluídos em até 8 meses
Está cada vez mais próximo o sonho de uma ferrovia ligando os dois maiores municípios da Bahia. O projeto de um trem regional entre Salvador e Feira de Santana, proposto pela CCR — empresa concessionária do Sistema Metroviário Salvador e Lauro de Freitas (SMSL) —, está sendo avaliado por um grupo de estudos formado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e pelo Ministério dos Transportes.
Formação do grupo de estudos
A informação foi revelada pelo Portal A TARDE pela secretária estadual Jusmari Oliveira (PSD), em entrevista na última sexta-feira, 14. De acordo com ela, a previsão é que os estudos de viabilidade sejam concluídos em um período de seis a oito meses.
“Nós constituímos um grupo de estudos junto com o Ministério dos Transportes, que criou a Secretaria Nacional de Transportes Ferroviários. Estamos estudando ele e aquiescendo uma Manifestação de Interesse Público [MIP] da CCR”, declarou Jusmari.
Objetivo da proposta
“Nós estamos aquiescendo uma manifestação de interesse público da CCR e vamos juntar com o grupo de estudos do Ministério dos Transportes. Nós esperamos, dentro de seis a oito meses, termos um estudo de viabilidade comprovada e ver essa busca de recursos”, acrescentou a titular da Sedur.
Proposta da CCR
A MIP encaminhada pela CCR ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT) foi revelada em agosto de 2023. A previsão da empresa é que o novo modal de transporte intercidades atenda diretamente a aproximadamente 4 milhões de pessoas, reunindo as populações de Salvador, de Feira de Santana e de outras cidades no percurso, como Simões Filho, Candeias e Santo Amaro.
Investimento e parceria público-privada
A CCR estima que a construção do sistema custaria R$ 2,6 bilhões aos cofres públicos, com um custo operacional, depois de pronto, de R$ 280 milhões por ano. A ideia da concessionária é de uma nova parceria público-privada (PPP) para tocar a obra e administrar o modal por um prazo de 30 anos.
Prazo de operação
Ainda segundo a MIP da CCR, o trem regional entre Salvador e Feira de Santana poderia começar a operar cinco anos após o início das obras, sendo esse o prazo estimado para a construção do sistema. O trem intercidades é uma proposta que estava presente no plano de governo de Jerônimo Rodrigues (PT), quando ele ainda era candidato a governador. No documento eleitoral, o petista prometia a realização de estudos para ligar Salvador a Feira de Santana e à Chapada Diamantina, em uma única linha férrea. Esse segundo trecho para a região central da Bahia, porém, está engavetado pelo governo.
Esforços do governo estadual
“A gente tem buscado todas as formas, com parcerias privadas, com o governo federal, para viabilizarmos tudo o que está sendo olhado na visão do governador Jerônimo e desse pensamento governamental que vem desde Jaques Wagner”, afirmou Jusmari.
Impacto socioeconômico
Para quem está acostumado a fazer a viagem de Salvador para Feira em pelo menos 1h30 através da BR-324, o novo trem regional pode garantir uma economia considerável no tempo, com a CCR estimando que os 103 quilômetros que separam as duas cidades sejam percorridos em apenas 45 minutos.
Pontos de partida e chegada
No documento, a CCR aponta que o novo trem aproveitaria a chegada do SMSL às proximidades de Águas Claras, indicando que a estação de partida do sistema poderia ser instalada na região. O texto também considera o entorno do distrito de Humildes, às margens da BR-101, como o ponto de chegada na Princesa do Sertão, com a provável implantação de um sistema rodoviário integrado que ligasse o modal ao centro de Feira de Santana, através do Anel de Contorno.
Feira de Santana como ponto estratégico
Feira é vista como um ponto estratégico no desenvolvimento socioeconômico baiano, já que é cortada por três rodovias federais (BR-324, BR-101 e BR-116) e três estaduais (BA-052, BA-502 e BA-503), sendo “um dos mais importantes entroncamentos rodoviários e centros logísticos do Brasil”, o que levaria a obra a impactar diversos setores como investimentos imobiliários, polos de comércios e serviços, além da geração de renda e emprego.
Expansão futura
O estudo indica, por fim, a possibilidade de expansão da malha ferroviária para o sudoeste do estado, rumo a Jequié, ou para o nordeste, onde poderia chegar a Alagoinhas ou até mesmo até Aracaju, capital de Sergipe.